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Em frente Ênio: “Fui conhecer, conforme prometido, um pessoal que ajuda a montar a manifestação do dia 15. Tudo garotinho, o mais velho tem menos de 30 anos. O menino que cuida do face tem 18. A base deles é numa produtora que faz vídeos. Uma sala grande, mesão, uns sofás desabados. Eles me contaram que estão juntos faz só seis meses, cada um se responsabiliza por um pedaço da operação. Pedacinho, vá. Conseguem uma graninha mixa de umas empresas pequenas, nos arredores de Vinhedo, onde moram dois deles. 3 mil reais aqui, 50 paus ali, oferecimento de um gerador, coisas assim. Eles também entram com seu dinheirinho pessoal.
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Contaram que foram dar uma arrecadada num super-milionário e o sujeito lhes demostrou extrema simpatia. Mas no fim morreu só com 1 mil reais. A ideologia deles? Muito vaga, se consideram “liberais”. Num certo momento um deles disse que o grupinho estava batalhando pela livre iniciativa, pelo desvencilhamento do poder sufocante do Estado, coisas assim.
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E que consideram estar enfrentando uma luta geracional, na tentativa de livrar a sociedade das ideologias antigas. Deu merda na cabeça de vocês? foi meu comentário. Primeiro porque parece que vocês não sabem que o pensamento liberal sempre existiu. Vocês não estão inventando nada, são só os herdeiros de posturas comuns ao enfrentamento de todas ditaduras do mundo. Liberal vem de liberdade, do desejo de guiar o seu próprio destino.
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E isso de renovar o mundo político à partir de um movimento geracional – ao declamar isso como se fosse uma verdade – coloca vocês numa ilha-guetto, defensiva, não somando com o resto das pessoas que perfilam a mesma ânsia de renovação, mas que não são jovens. “Claro! Lógico! Não foi isso que quis dizer !” Tudo bem, vamos adiante. O que vocês já fizeram? me passem o currículo vitae. Me falaram das visitas aos senadores, do avião com faixa nas praias do Rio pedindo o impixamento da Dilma etc.
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E aquele 1 mil reais do ricaço? …acabou sendo útil. Eles pagaram uma versão em inglês do seu ideário – que serviu para sairem numa matéria do The Economist. Legal. Os meninos são guerrilheiros, que não usam kalashnicovs. Mas a internet, onde eles são fera. O site deles já tem 49 mil seguidores.
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Eles tem dedicação total do seu tempo livre para fazer o que queremos, todos nós os que frequentam aqui: a queda da Brasília, a Dilma arregaçando a saia e fugindo que nem uma galinha na véspera de virar sopa… o Lula, na Embaixada da Venezuela pedindo asilo…e o pessoal do PT na sala de trânsito dos aeroportos, esbaforidos, indo se acertar com a grana que conseguiram entesourar na Suiça.
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Os meninos do Movimento Brasil Livre (movimentobrasillivre.org) querem isso, nós queremos igual. E vai ser realmente no dia 15 a Manifestação: parece que essa data foi escolhida pelo aniversário dos 30 anos da posse marcada (e frustrada) do Tancredo. Me deu muita esperança esse pessoalzinho. Eles juntam a sua meia dúzia com outras meia dúzia que estão-se criando no Brasil inteiro. São o sal da terra.
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Ganhei a noite, hoje, sai do escritoriozinho alugado deles e dei uma grande volta a pé, pelo quarteirão. Vamos logo ver nascer não uma nova geração do ponto de vista da idade. Mas um novo povo, uma nova gente, um novo Brasil que vai compensar “os 12 anos que foram comidos pelos gafanhotos” como diria Churchill. Levantemos pois, como ele, a mão com os dedos em V da vitória final – que certamente virá.“
Ênio Mainardi é publicitário e escritor.
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