Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net, por Jacornélio M. Gonzaga: A REUNIÃO – “Diante da crise instalada – queda de sua popularidade, Estela Vanda Patrícia, também conhecida como Maria Lúcia dos Santos ou Marina Guimarães Garcia de Castro (neste caso, acho que ele já estava pensando cooptar Marina Silva), reuniu seu pequeno ministério na Granja do Torto. Lá estavam trinta e sete de seus trinta e nove ministros (dois foram mandados de volta para seus “afazeres”, pois não havia lugar disponível no recinto).

“Apesar do recuo de emergência do vice Michel Temer, que chegou a anunciar a falta de tempo hábil para a realização do plebiscito anunciado por Dilma Rousseff para este ano, o fato é que a controvérsia colocada tornou-se mais distante das urnas, sem dúvida. Também as declarações da presidente da República após o lançamento de um plano de desenvolvimento agrícola, em Salvador, não ajudaram a reduzir a distância entre o projeto e a realidade. Ela voltou a se referir aos protestos que se espalharam pelo país e afirmou que a melhoria da representatividade (política) passa pela participação popular. Sem dúvida. Mas neste ponto ninguém mais representativo do que ela própria, vitoriosa pela margem de 56 a 44% na sucessão de 2010.

“A minha geração pouco fez, com exceções, é claro, pela democracia ou, se preferirem, pela redução das diferenças gritantes que, ainda, persistem no nosso país. Sou de 47, para ser mais justo com aqueles que já partiram e com tantos outros perseguidos. Fizemos muito menos do que poderíamos: terra do futebol, do carnaval no formato colossal, aqui, particularmente incluo, no bloco da alegria, na ala de frente desta imensa massa de fazer inveja a uma escola vencedora do primeiro grupo, o nosso querido e respeitado congresso, senado, executivo.

Dado ao farto noticiário dos três últimos dias, o Observador Tragicômico Panfletário Virtual Ecologicamente Correto Primeiro e Único do Brasil conseguiu produzir 11 fotopiadas, culminando com a solução apresentada pelo “ex-presidento” Lula para resolver a situação do País. Está tudo aqui, com as notícias que inspiraram o artista.

“A propósito da promessa de Vossa Excelência em ouvir a sociedade, temos o orgulho de lhe comunicar que a ouvimos atentamente e após um rápido processo democrático de consulta a alguns grupos de ativistas e ciberativistas que, ao nosso lado, tem travado incansável luta contra a corrupção no Brasil e resto do mundo, resolvemos pedir-lhe, respeitosamente, a oportunidade de uma audiência para lhe entregar pessoalmente uma síntese das nossas reivindicações.

Carlos Brickmann e “A VOLTA DO CIPÓ DE AROEIRA”: “Tudo começou como um movimento de extrema esquerda: na primeira passeata em São Paulo, militantes do MPL, PSTU, PSOL e PCO, com bandeiras, estavam à frente, bloqueando a Avenida Paulista. O MPL, Movimento Passe Livre, foi criado pelo Fórum Social Mundial, organização assumidamente de esquerda, na reunião de 2005. O domínio de Internet usado pelo MPL pertence a uma ONG próxima ao PT, Alquimídia, que recebe recursos da Petrobras e do Ministério da Cultura e até o início das passeatas trazia no site os símbolos governamentais.

Dá-lhe Merval: “Mesmo que as reivindicações sejam várias e muitos cartazes exibam anseios mal explicados ou utopias inalcançáveis, há um ponto comum nessas manifestações dos últimos dias: a luta contra a corrupção. A vontade de que o dinheiro público seja gasto com transparência e que as prioridades dos governos sejam questões que afetam o dia a dia do cidadão, como saúde, educação, transportes, está revelada em cada palavra de ordem, até mesmo nas que parecem nada ter a ver com o fulcro das reivindicações, como no protesto contra a PEC 37.

Um surto de manifestação como o que se espalhou pelo Brasil nos últimos dias nunca tem uma explicação simples. É preciso humildade para admitir que ele não está inteiramente compreendido. Existem pistas. Ele tem a vantagem de quebrar a convicção de que o brasileiro suportaria todo o desaforo sem reagir: da deterioração dos costumes políticos ao desconforto econômico. O Brasil sofre uma aguda crise de representação política. Nossa democracia envelheceu precocemente pela repetição do jogo dos conchavos, pelas escolhas erradas para cargos importantes, pela mesmice de oligarquias que controlam partes da federação e nacos da administração pública. (Extraído do artigo “É preciso ouví-los” de Míriam Leitão, O Globo).