“Enquanto a economia brasileira dá sinais concretos de desintegração na véspera da eleição, só muita netadaputice, combinada com burrice, poderia levar os candidatos à Presidência a perderem tempo com a polêmica inútil sobre a questionável “homofobia” do nanico-candidato Levy Fidelix no debate televisivo de domingo passado, na Rede Record. O desvio de um assunto seríssimo para um tema secundário, que nada acrescenta ao debate sobre o mundo real, é mais uma confirmação do subdesenvolvimento político brasileiro.
Só os imbecis e os canalhas conseguem ignorar a conjuntura econômica – que violenta e estupra o brasileiro que trabalha e produz honestamente. A carestia compromete a renda das famílias – cada vez mais endividadas e com problemas para honrar compromissos. A cada vez mais elevada carga tributária, para sustentar a gastança perdulária da máquina pública, inviabiliza a vida de todos. Além de causar a deterioração da indústria brasileira, alimenta a inflação e diminui o poder de compra. As consequências diretas são o desemprego e a queda no consumo. Tudo ainda mais complicado pelos juros absurdos, que dificultam o crédito, mas dão lucros recordes aos bancos – que faturam alto rolando a trilionária dívida pública no País do Pibinho.
A bomba só não explode porque o Brasil é uma bagunça institucionalizada. A economia informal, que consegue driblar o modelo econômico usurário e gastador, garante o milagre do consumismo para as classes economicamente mais baixas. Como elas também contam com os favores clientelistas do governo (as várias formas de bolsas do programa de compensação de renda que gera mais votos que prosperidade efetiva), o capimunismo tupiniquim sobrevive.
A impostura é tão surreal que o Brasil tem uma máquina arrecadatória autoperdulária: torra 70 centavos para cada R$ 1 real que consegue arrecadar. O brasileiro sofre um assalto a mão armada no contracheque. A Super Receita confisca, na fonte, os salários de quem já paga dezenas de impostos absurdos. Estudos sérios já listaram pelo menos 56 tipos de impostos, taxas e contribuições que roubam dinheiro da atividade produtiva no Brasil. A rigidez das regras trabalhistas, a formação educacional sem qualidade e a visão ilusória de lucro no curto prazo, junto com a especulativa “inflação”, tornam o “Custo Brasil” inviável para competir com o resto do mundo que se desenvolve e cresce de verdade – e não apenas na propaganda governamental mentirosa.
O grande drama (ou tragicomédia) da véspera eleitoral é a falta de compromisso efetivo dos candidatos com as mudanças efetivas e possíveis. Todos prometem, genericamente, reformas: tributária, trabalhista, educacional e por aí vai… Nenhum deles consegue comprovar, na prática, como vão cumprir o prometido. Ninguém fala em mudar o modelo econômico brasileiro – totalmente dependente da mera exportação de commodities. A balança comercial brasileira já foi, visivelmente, para o saco. A indústria brasileira, praticamente, já era. Nosso mercado interno depende de caríssimos incentivos de crédito (sempre a juros altamente absurdos). A moeda brasileira nada vale em relação ao capital do resto do mundo. Qualquer coisa no Brasil custa mais cara que em outro lugar do planeta. O País é uma ilusão quase perdida.
Enquanto faz a pressão que pode para detonar Dilma, o tal “mercado” aproveita para faturar com a alta do dólar frente ao (i)Real e a queda na BM&F Bovespa. Nem sempre a queda na bolsa de valores tem a ver com a desastrada política econômica do governo. Aqui no Brasil, os especuladores sabem se aproveitar bem das situações para ganhar muito dinheiro. Muita gente fará a festa comprando ações na baixa vendidas pelos desesperados por resultados imediatos. É tão difícil punir a esperteza quando provar as operações atípicas feitas com base em insider trading (informação privilegiada). Quem ganha sabe porque faturou alto, enquanto a quem perde só resta o consolo…
Domingo todos seremos obrigados à dedada obrigatória na inconfiável urna eletrônica – que vai processar o voto sabe lá Deus como… O cidadão supertributado compulsoriamente vai fazer sua aposta no Cassino do Al Capone. Vai dar mais quatro anos de emprego para os políticos – a maioria absoluta sem o menor compromisso com a efetiva mudança do triste estado das coisas no Brasil.
Como o modelo não tem perspectiva de que vá se alterar, vamos continuar levando… O Governo do Crime Organizado é econômica e politicamente homofóbico… Pena que esta “homofobia” política e econômica não entra na ordem do dia. Assim, “o nosso” continua na reta… Os políticos ficam com o prazer… O eleitorado com a dor do estupro coletivo… Vamos continuar tomando na urna até quando?“
Por Jorge Serrão – Edição do AlertaTotal.Net de 30 de setembro de 2014.
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