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Artigo de Percival Puggina (71), publicado no Alerta Total de 06 de janeiro de 2016: “A frase vem sendo pronunciada por muita boca bem falante e mal pensante: “Está tudo sob controle, a democracia consolidada e as instituições funcionando”. Sim, sim, claro. E eu quero saber onde caiu a minha chupeta que está na hora de nanar.
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Não somos crianças. Falem sério! Está tudo sob controle de quem? Como ousam chamar democracia o ambiente onde agem essas pessoas que se acumpliciaram para dirigir a República? A única ideia correta na citação acima é a que se refere às instituições. Elas estão funcionando, mesmo. O Brasil que temos, vemos e padecemos é produto legítimo e acabado do seu funcionamento. Acionadas, produzem isso aí. Sem tirar nem pôr.
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Eis o motivo pelo qual os figurões do governo frequentemente sacam de sua sacola de argumentos a afirmação de que as coisas sempre foram assim. De fato, embora não no grau superlativo alcançado nos últimos 13 anos, o modelo institucional republicano tornou crônicos os mesmos males. Em palestras, refiro-me a isso mediante uma analogia. Instituições, digo, são como sementes. Uma vez plantadas, germinam, ou seja, funcionam e produzem conforme determinado pela natureza da semente.
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É o nosso caso. À medida que a urbanização nos tornou sociedade de massa e o Estado empalmou o poder (vejam só!) de definir os valores, a verdade e o bem, decaiu o padrão cultural e moral médio, inclusive, claro, dos membros dos poderes de Estado. Eu assisti isso. Mas a sedução do modelo aos piores vícios, a destreza com que gera crises e a inaptidão para resolvê-las é exatamente a mesma ao longo do período republicano.
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A ordem juspolítica engasgada pretende, agora, obrigar-nos a arrastar por mais três anos esse peso governamental insepulto como se fosse honorabilíssimo dever cívico. Graças a ele, o ministro Toffoli proclama que o STF, cada vez mais, se afirma como Poder Moderador. Credo, ministro! O topo do Poder Judiciário, sem voto e sem legitimidade, pretende usurpar vaga no topo do Poder Político? Bem, foi isso que se viu na deliberação sobre do rito do impeachment.
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Precisamos, sim, de um Poder Moderador, que não se legitima com mero querer de um grupo bem suspeito de pessoas, mas com a separação consolidada na quase totalidade das democracias estáveis: o chefe de Estado (Poder Moderador) é uma pessoa e o chefe de governo é outra (que cai por mera perda de confiança). O impeachment, lembrava Brossard, nasceu na Inglaterra medieval e sumiu, substituído pelo voto de desconfiança dado pelo parlamento. Mas nós gostamos, mesmo, é de pagar caro por esse sistema travado e encrenqueiro que aí está.
Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário, escritor, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+ .
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Continuando com Torres de Melo (91) na “Revolução bate a nossa porta “: “Já fiz carta. Já fiz artigo. Já tive artigo publicado na Folha de São Paulo. Já vi a fome em vários lugares. Já vi a morte de perto. Já comandei as Polícias do Piauí e de São Paulo. Já vi a pior das misérias humanas, que é a falta de caráter. Já vi a droga destruindo a minha juventude, em São Paulo. Já vi crianças jogadas nos depósitos infectos e roídas pelos ratos. Já vi a falta de amor. Já vi o meu Brasil, de norte ao sul e de leste a oeste. Vi o índio sendo explorado. Já chorei ao lado de uma mãe que desesperada dizia-me que o filho era ladrão. Fiz parte da Comissão Especial de Investigação no Governo do Dr. Itamar Franco. Já fui Provedor de santa Casa e Presidente de Abrigo para idosos e revolta-me o Estado viver abraçado ao pensando de Tertuliano (160 – 220 DC). PÃO E CIRCO.
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Vi o verdadeiro homem. Este homem brasileiro é o trabalhador honesto, homem da fronteira, o policial que sacrifica sua vida pela sociedade. Vi a dedicação do soldado das Polícias Militares vi a santa mãe que não larga seu filho em qualquer situação. E de tudo que vi quatro fato que aconteceram comigo permitem que eu diga: DEUS EXISTE NA SUA MARAVILHA TOTAL. Tive uma grande família. Casei, perdi a minha primeira santa e casei uma segunda vez com outra santa. Recebi uma chuva de pétalas de rosas ao deixar o comando da Polícia Militar de São Paulo. Vesti por 44 anos a farda do Exército Brasileiro.
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Nasci em 1924 e completei 91 no dia 24 de dezembro de 2015. Nesses 32 780 dias vi um pouco da nossa história. Vi a revolução de 1930, ouvi falar de 32, 35, 37, 38, da guerra, da queda de Getúlio. A partir de 1947, vivi nos quarteis cumprindo ordem, instruindo jovens, vendo o Brasil balançar com a morte brusca de Getúlio. Golpe do Lott, Eleição de Juscelino, Jânio, Goulart. Governo do presidentes Militares com o restabelecimento da ordem e volta a tão fala democracia, O Estado Democrático de direito. A democracia para mim e para meu professor de direito é o cumprimento da lei. Matar, assaltar, sequestar, assassinar, roubar, mentir são atos criminosos praticados por terroristas. Vi esta fase como Comandante do CPOR e mostrava ao jovens o que era a vida e eles ainda hoje vivem lutando pela democracia.
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Em 1988 fui para a reserva. Era a lei. Cheguei a general de Divisão e formamos um GRUPO, chamado Grupo Guararapes. Comecei a ver coisas que nunca tinha visto. Parecia coisa de alma do outro mundo, alma penada, ou lobisomem. O Grupo previu a queda de Collor um ano antes. Quando ele, na campanha, subiu as escadas do TSE com papeis na mão chamando o Presidente da República de nomes impublicáveis sentimos que tudo estava perdido.
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Começamos a descera ladeira. Apareceu um grupo de esquerda forte e dizendo-se dono da verdade. Derrubou COLLOR e foi contra tudo e contra todos. Iria salvar O Brasil. Como no Brasil não se lê a mediocridade ia dominando. O GRUPO foi se afirmando no meio da população brasileira, na maioria semianalfabeta, chegou ao governo, AO COMANDO DE UM HOEM EXPERTO E SEMI-ANALFABETO.
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Cai COLLOR. Sobe Itamar. Vamos fazer parte da CEI (COMISSÃO ESPECIAL DE INVESTIGAÇÃO). Vi a podridão por dentro. Meu Deus. Novo governo e tudo da CEI jogado fora. Os bandidos protegidos.
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A idade avançava. O GRUPO publicava documentos fortes, mostrando a realidade. Todos cegos, surdos e mudos. Sabia-se que o desastre se aproximava. Sabia-se o que iria acontecer e aconteceu, pois não podemos esquecer o que afirmou o revolucionário Mikhail Bakunin (criador do anarquismo): “Aqueles que antes eram operários, ao se tornarem governantes ou representante do povo, deixarão de ser operários, passarão a olhar os operários do alto, não representarão o povo, somente ele próprio… Quem duvidar disso é porque não conhece a natureza humana.”
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Chegamos onde chegamos. 2015. Governo dito popular (13 anos) e o caos dominando o País. Vamos lá: 1. Senador preso. Os presidentes da Câmara e do Senado acusados pela PGR de ladrões e praticantes de outros crimes; 2. Processos escabrosos, sendo abertos e outros por serem abertos; – 3. Só o peTrolão seria suficiente para que o povo se revoltasse; 4. Os PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO apodreceram, faliram e os três chefes (Senado – Câmara e \presidente da República) já deveriam ter sidos afastados e presos para o BEM DO BRASIL.
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CHORO pelos meus netos e bisnetos. Não acreditam no País. O que serão deles. País governado por biltres, corruptos, corruptores, cínicos, devassos.
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Quando li a frase de Luiz Costa; “se o dinheiro e muitas vulvas falassem sobre o Brasil” fiquei sem fala. Esta é a grande verdade. Para terminar assistimos o fim de tudo. Há críticas fortes contra os Ministros do STF. Falam que não são mais
juízes e sim, representantes de partido político.
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O Poder judiciário já não julga, legisla, pois Executivo e Legislativo se digladiam pela posse do PODER.
O ÚLTIMO QUE SAIR FECHE À PORTA!“
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Francisco Batista Torres de Melo (91), General de Divisão reformado, é coordenador do Grupo Guararapes.
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