A ideia de preparar uma nota de desagravo a Luiz Inácio Lula da Silva, assinada por partidos aliados do governo Dilma Rousseff, partiu do próprio ex-presidente. Lula fez a sugestão ao participar de ato da campanha de Fernando Haddad (PT) no domingo, 16, no Centro de Tradições Nordestinas, em São Paulo.
Em conversa com o presidente do PT, Rui Falcão, e com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos – que comanda o PSB –, Lula pediu aos aliados que se unissem para repudiar “calúnias e mentiras” contra ele. Seu argumento era que a estratégia vem sendo usada para prejudicar não só o PT, mas todos os partidos governistas nas eleições. Declarações atribuídas ao empresário Marcos Valério pela revista Veja, naquele fim de semana, jogavam Lula no centro da crise, apontando-o como “chefe do mensalão”.
Campos imediatamente aceitou a proposta da nota, depois redigida por integrantes do PSB. O governador de Pernambuco viu ali uma oportunidade de se reaproximar de Lula. “Precisamos defender o projeto, que é de todos nós”, disse ele. Ex-ministro de Lula no primeiro mandato, Campos foi ao Centro de Tradições Nordestinas a convite da campanha de Haddad. Sentou-se à mesa com o ex-presidente, almoçou e gravou mensagem de apoio ao candidato do PT para ser usada no programa eleitoral na TV. O convite também teve o objetivo de desanuviar o relacionamento entre o PT e o PSB, deteriorado após o rompimento da aliança no Recife.
Falcão esteve na quarta-feira, 19, em Brasília e mostrou a nota de desagravo a Lula à presidente Dilma Rousseff, que a aprovou. Até mesmo o PRB de Celso Russomanno – adversário de Haddad na campanha paulistana – carimba o documento. Com expressões fortes, o texto aponta “práticas golpistas” e também é subscrito pelo PMDB, PC do B e PDT.
Não foi avalizado pelo PR nem pelo PP do deputado Paulo Maluf, aliado de Haddad, e, por motivos óbvios, não chegou a ser enviado ao PTB. Na quarta-feira, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal, condenou Roberto Jefferson, delator do esquema e presidente do PTB, pelo crime de corrupção passiva e o deputado Valdemar Costa Neto (PR), ex-presidente do PL, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
O teor da nota assinada por partidos da coligação de Dilma também passou pelo crivo da Executiva Nacional do PT, que se reuniu na segunda-feira, 17. Naquele dia, Falcão interrompeu a reunião para se encontrar com Lula. Logo depois, a cúpula do PT decidiu convocar os militantes para uma “batalha do tamanho do Brasil” em defesa do partido, de Lula e do seu legado. Era o primeiro ensaio para a manifestação da quinta-feira, 20. ( Estadão)
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