“Foram divulgadas ontem duas surpresas: a primeira delas foi o PIB de 0,6%, no primeiro trimestre, abaixo do esperado. No mercado financeiro, previa-se crescimento de 0,9%; poucos estimavam um número menor, de 0,6%, como por exemplo a MB Associados e a Gradual Investimentos. A previsão mais pessimista, portanto, foi confirmada. Esse foi o primeiro susto.
Em relação ao aumento da taxa de juros, os economistas estavam divididos. Alguns bancos previam alta de 0,5 ponto, mas a maioria falava em 0,25 ponto. E o BC surpreendeu de novo elevando a Selic para 8%, ou seja, aumentando o ritmo de aperto da política monetária em plena época de enfraquecimento do PIB. Com essa decisão, o BC quis mostrar que está comprometido em derrubar a inflação de qualquer jeito em 2013 e 2014. Foi isso que disse no comunicado.
Olhando para os dados, fica claro que o que está derrubando o PIB é a inflação, que tira renda das famílias, previsibilidade das empresas.
É uma decisão difícil elevar os juros quando o crescimento está decepcionando, mas ao fazer isso, o BC está querendo garantir o crescimento futuro. A única forma de crescer de maneira sustentada é com inflação baixa.
Normalmente, ataca-se a inflação com as duas ferramentas básicas: política monetária e fiscal. O governo deveria cortar, mas está aumentando os gastos. O peso, então, fica muito grande para o BC. A autoridade monetária tomou uma decisão corajosa, que será criticada por muita gente, inclusive dentro do governo.
Mas com a inflação mais baixa, a capacidade de compra das famílias se recupera, a previsibilidade das empresas e a confiança no BC como condutor da política de metas de inflação.” Miriam Leitão (CBN).
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