“De um lado existe o desejo, justo na perspectiva de quem o manifesta, de buscar algum tipo de saída menos desonrosa para se confrontar com a dura possibilidade da condenação de dois símbolos do partido à prisão por corrupção e formação de quadrilha.
Nesse cenário o PT já nem seria mais igual aos outros partidos, mas o único a ter dirigentes na cadeia.
Compreende-se, portanto, a aflição, pois não se trata de mera derrota eleitoral, mas da perda da liberdade e do nivelamento ao patamar de criminosos comuns.
É dolorido, embora decorrência inexorável dos atos julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
De outro lado estão as condições objetivas para a eficácia dessas reações.
Não parecem favoráveis.
Nos últimos anos não foram poucas, não obstantes frustradas, as tentativas de transformar o mensalão em obra de ficção escrita pelos inimigos.
Se o PT não conseguiu “desmontar a farsa” antes nem durante o julgamento,
muito menos agora terá capacidade de desmentir a palavra final da Justiça.
Não há manifesto que contradiga a fundamentação das sentenças, não há esforço de retórica que dê aos condenados o status de presos políticos, não há injúria que abale a credibilidade do Supremo.
Não há ativismo que mobilize multidões em defesa dos presos,
não há indignação capaz de obscurecer a indignidade cometida no uso partidário do patrimônio coletivo.
Não há, enfim, objetivamente o que fazer.
E por isso acabará prevalecendo o discurso do “cumprimento democrático” da decisão.
Apenas e tão somente porque não existe opção.
Antes tarde”…………
Dora Kramer – O Estado de S.Paulo
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